Boa noite craftlandianos,
Primeiramente gostaria de lhes informar de que tudo que será citado aqui, é verídico.
Ontem, como de costume, saí de minha casa em direção da casa de Lucas, um vizinho meu, e amigo também. Estávamos sem nada para fazer, quando de repente, apareceram mais dois outros vizinhos, Matheus e Kauã. Como estávamos jogados no sofá, começamos a pensar em algo a fazer. Logo chegamos a conclusão de que iriamos pegar nossas bicicletas, vulgo "zika", e ir ao terreno baldio da esquina, construir rampas, etc.
Passamos em minha casa e pegamos tudo que precisamos, tesoura, pá, enxada, carrinho, água... após chegarmos lá, ligamos para mais 3 amigos, logo depois, eles apareceram com mais ferramentas e bicicletas. Eram eles Gabriel, André e Felipe. Estavam molhados, pois acabaram de mergulhar na Bahia da Babitonga. Começamos com o trabalho, logo construímos uma rampa... duas... e assim foi.
Começamos a sentir fome e sede. Lucas propôs a mim, para que eu e ele, pegássemos os skates "Penny" que tínhamos, e fossemos ao centro buscar comida, umas besteiras, coca, energético, etc. Começamos nossa jornada até a padaria São Francisco, que não ficava tão longe dali, nem tão perto. Lá estávamos, quando paramos em uma bica para beber água, quando um cão se aproximou.
Olhamos a ele, um cão marrom, um filhote talvez, provavelmente perdido, pois estava com coleira. Procuramos o dono, mas nada. Eu e meu amigo lucas, já havíamos comprado os itens que desejávamos, e continuamos nosso caminho. Logo, percebemos que nosso amigo cão, estava nos seguindo loucamente, e nos seguiu de volta para o terreno baldio, mais conhecido entre o pessoal aqui, "barreiro".
Todos gostaram dele, realmente, um cachorro bem fofo e muito amigável, cheio de energia. Não era muito grande, mas corria que era o capeta. Quando tudo ficou pronto, começamos a usar as rampas, vulgo "rampar", e nos divertir. O mais legal disso tudo, é que o cachorro sempre seguia as bicicletas, ás vezes na frente delas, e acabava atrapalhando, ás vezes até chegava a pular junto, kk. Até que meu amigo Gabriel errou feio seu pulo, e berrou "Sai da frente"! para o cachorro.
Aí, já sabe. O amigável animalzinho tinha seu nome entre agente agora, Sai da frente, um nome não tão elaborado, mas dado com carinho e com um certo valor simbólico. Logo, demos água e ração a ele, e ele em troca, nos trouxe felicidade e companhia. Ele ficou cheio de barro no final, mas sempre com um sorriso estampado
Começou a pintar uma chuva, podíamos ouvir trovões. Logo, começamos a juntar as coisas e guardá-las em casa, até que percebemos uma coisa: "e o Sai da frente, como é que fica"?. Eu estava com vontade de levá-lo pra casa, MUITA, mas já tenho uma cadela, e minha mãe, cá entre nós, surtaria. Meu amigo Matheus se ofereceu, e todos se cobriram com bastante satisfação e alívio.
A noite veio, Sai Da Frente seguiu com Matheus, ficou em seu quintal, seguro, quentinho, limpinho (Ele deu banho), com comida e água. Todos foram para suas casas, felizes e satisfeitos com o dia de hoje. Nosso mascote estava a salvo, o que era um grande motivo de felicidade para nós.
Amanheceu. Como de costume, digitei qualquer coisa em nosso grupo de WhatsApp, imediatamente, Matheus mandou uma mensagem desesperada, informando que Sai Da Frente, havia desaparecido. Fui correndo até a casa dele, com lágrimas escorrendo, e não conseguia pensar em outra coisa. Chegando lá, estavam Lucas, Kauã, Matheus, Theo, Gabriel e Felipe. André foi embora para Florianópolis.
Todos começamos a procurar por ele, desesperadamente.
- Gabriel: "Sai da frente, por favor cara, não assusta a gente, aparece aí"
- Lucas: " Estamos aqui, Sai da frenteeee, onde está você?"
Até que todos nós ouvimos uma coisa, que nunca mais nos esqueceremos. Gabriel, chorando, gritou "PESSOAL, VENHAM AQUI, NA RUA DE TRÁS!!!".
Lá estava nosso querido cão amigável, nosso parceiro, companheiro, mascote, jogado no chão, quase morto. Havia fugido da casa de Matheus á noite, provavelmente assutado com os trovões, e algum bebum desgraçado o atropelou. Ninguém... Ninguém conseguiu controlar as lágrimas, até Lucas, um amigo que nunca vi chorar, encheu os olhos de lágrimas. Colocamos sai da frente no carrinho de mão e corremos desesperadamente para um Pet shop, que ficava um pouco longe dali, mas a esperança ainda estava no ar.
Chegando lá, gabriel entregou o cão para a assistente, onde entrou na sala e posteriormente, em cirurgia. Algumas horas depois, todos preocupados e ansiosos com o resultado, recebemos a notícia mais triste de nossas vidas, a mais triste da minha pelo menos. Sai da Frente faleceu de morte cerebral, causada pelo impacto do carro do vagabundo que o matou. Pegamos o cadáver de nosso amigo, nossa tristeza era indescritível.
Pegamos pregos, martelos e tábuas de madeira, e acredite se quiser, fizemos um caixão para Sai Da Frente. Colocamos ele, pregamos, fomos até o Barreiro, e começamos a cavar. Quando nosso buraco atingiu as circunstâncias ideais, colocamos o caixão no buraco, e após isso, jogamos o barro que conseguimos cavando o buraco, por cima do caixão, até que estivesse completamente enterrado. Fizemos uma espécie de lápide de madeira, e também, fizemos uma espécie de abrigo para o caixão, com um teto baixo e tudo, para que não chovesse por cima de nossas lembranças que deixamos.
Não fizemos cerimônia nem nada, todos muito quietos, fizemos uma coisa que nunca aconteceu antes, cada um tomou seu rumo, sem se despedir nem falar um piu, e foi cada uma para suas respectivas casas. Havíamos enterrado ele no Barreiro e também fizemos um abrigo, pois é um local muito frequentado por nós, e fizemos isso, para sempre que nós olharmos na direção de seu túmulo, nos lembrarmos da felicidade que nos trouxe, da amizade, que não morreu com ele, e sim, será eterna.
Tudo que é bom dura pouco, isso pode não significar nada para você que está lendo, ou que leu e achou "que merda, tudo isso por um cachorro" sim, mas além de um simples cachorro, ele nos conquistou, ele não é um simples cachorro, e sim, um
AMIGO.
#LutoSaiDaFrente
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