ALÔ SORTE?! TUM.TUM.TUM. - Alô, Sorte? Gostaria de fazer uma devolução de entrega excessiva de azar, seja no jogo ou no amor. PI.PI.PI.PI - Alô?Alô? O telefone fica mudo. Assim como apenas dois desconhecidos com amigos em comum, começamos a trocar algumas mensagens. No começo era tudo novo, emoções e sensações de uma nova amizade. O tempo voou, e quando percebemos eramos melhores amigos. Ele ria das minhas piadas e eu das dele. Passávamos várias madrugadas acordados falando de coisas que não diziamos á qualquer um. Sem que eu percebesse, meu coração estava lentamente se juntando ao dele. Já me sentia na necessidade de falar com ele com frequência...essas sensações eram interpretadas por mim como apenas amizade. Em uma madrugada de dezembro em uma das nossas conversas, onde falávamos sobre amor, recebi a seguinte mensagem: Eu sinto algo por você, não sei o que direito e nem quando comecei a sentir ou se já não sinto mais, mas não estava conseguido guardar isso só para mim. Não soube como reagir. Meu coração estava mais que acelerado. Meus dedos travaram enquando tentava digitar uma mensagem. Minha mente deu um grande nó. Mesmo que eu negasse para mim mesma, meu coração no seu mais profundo batimento sabia o que realmente sentia, estava apaixonada por uma pessoa cujo eu estava evitando sentir algo mais que uma amizade. A resolução disso tudo? Eu não disse que não daria uma chance a ele, mas também não disse quando é que ele a teria. Com uma simples mensagem, as coisas para mim ficaram mais que complicadas. Com o passar do tempo, eu passei a observá-lo mais, em suas ações e emoções ao meu lado e tudo o que eu procurava estava lá. Os sentimentos que ele disse que sentia, em sorrisos sinceros e risadas contagiantes seu jeito gentil que ele me olhava. Por mais que eu tentasse, eu não conseguia assumir o que eu provavelmente sentia por ele, talvez por insegurança, medo. O telefone volta a tocar. TRIM.TRIM.TRIM. - ALÔ??ALÔ?SORTE É VOCÊ? - Sim, sou eu. Vi que tinha uma ligação perdida sua, e resolvi retornar. Em que possa ajudá-la? - Não é óbvio? Acho que preciso da coisa que mais me falta.. - Juízo?? - Não, dona Sorte. Eu preciso de um pouco mais da senhora. Em assuntos do coração. - Você sabe muito bem que eu nem sempre ajudo nesses assuntos complicados, eu e o amor não somos muito chegados já que sempre me culpam quando algo dá errado..Como se fosse culpa minha. HA-HA-HA. - Mas a senhora não pode fazer uma exceção?? Só dessa vez?? - Não faço exceções para pessoas que estão se fazendo de trouxa, que é o seu caso. - Ei! Eu não estou me fazendo de trouxa! - Claro que está Querida! E pior é que você ainda tem a cara de pau de me ligar pedindo minha ajuda?? Amiga eu dou sorte,o que é bem diferente de fazer milagres, que é o que você está me pedindo. - Não estou te pedindo um milagre. - Claro que está! Você está pedindo que eu tire todo o seu azar e substitua por sorte em abundância. Será que você não percebe? Você está perdidamente apaixonada por esse seu melhor amigo! E fica com medinho de corresponder os sentimentos dele! Você não tem sorte no amor, pelo simples fato de que você não arrisca. Isso é tudo o que eu tinha que te dizer. Tenha uma boa vida. PI.PI.PI. O telefone fica mudo. A sorte havia desligado na minha cara mais uma vez. E pelo meu azar, ela estava certa. Eu deveria parar de fugir. Não ia fugir mais. Iria atrás do meu melhor amigo e dizer tudo o que sinto de uma vez por todas. Eu pegaria sua mão, e iriamos sair caminhando por uma rua movimentada sem um destino. E sem medo, falaria o que sentia e como um conto de fadas, toda a sorte do mundo se teletransportaria para aquele momento onde ele abriria um sorriso e logo em seguida me beijária. E aí, apenas aí, eu perceberia que qualquer quantia de azar no amor é benéfica para que se possa ter sorte em momentos decisivos, onde se precisa de coragem para seguir em frente.